terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Não saí do ar?



É possível tirar um blog do ar? Dar sumiço nele? Escafedê-lo? Sei lá... Pra onde ele vai? existe alguma espécie de lixo cibernético virtual? Bem, de qualquer forma volta ao ar o blog mais sazonal e esporádico da rede. Pra quem gosta de atualizações diárias ou similares, twitter etc e tal, isso aqui é água no chopp, empata foda total.

Frequentemente eu até tenho o que escrever. Geralmente eu tenho muito outro o que fazer, isso sim, e em algumas vezes a preguiça se apodera de mim. Só mesmo uma conjunção muito favorável de idéia (nem sempre boa), disponibilidade e ânimo pra fazer surgir essa linhas que você vai lendo.

Andy Summers era (provavelmente ainda é) um sujeito notável. O fato é que o cara conseguiu adotar uma abordagem inovadora dentro de uma universo que estava se tornando cada vez mais conservador (o universo da guitarra de pop-rock). O punk surgiu (oficialmente) na segunda metade da década de 70, sendo Never Mind the Bollocks (um dos piores discos de todos os tempos) dos Sex Pistols (uma das piores bandas de todos os tempos) considerado seu marco inicial. 

A psicodelia dos anos 60 derivou para dois (principais) rumos: o Progressivo e o Heavy Metal (portanto, irmãos, gêmeos hiperbivitelinos). Eram, outros rumos e possibilidades, principalmente em termos musicais. Curiosamente, o movimento cuja marca principal é a rebeldia foi, musicalmente, extremamente conservador. Voltar às orgiens, aos três acordes, às temáticas básicas. Os antigos ídolos dos anos 60 estavam "velhos" e ricos, rock com status de arte se parece mais com o almofadinha do meu sogro, e ainda de quebra, tinha a baitolagem explícita que vinha do glam rock... Enquanto houverem garotos na faixa etária enre 15 e 20 anos haverá demanda por músicas sobre carros, cerveja e, principalmente, mulheres...


As melhores bandas da onda punk foram exatamente aquelas que ali surfaram enquanto conveniente, e depois caíram na chamada new wave, no momento em que perceberam que o conteúdo ali era limitado demais. Exceção feita ao The Clash, que conseguiu manter o status punk ad eternum, ainda que sua obra-prima, o exuberante London Calling, seja punk mais na pose que na música (esta era uma banda real, com afinidades sinceras entre os músicos e a música, não uma galera que foi juntada para ajudar boutique a vender roupa rasgada). The Police, Talking Heads e Blondie costumam ser associadas por aí ao (início do) movimento punk.


Bem, eu não consigo pensar em muitas figuras menos punks do que Sting e David Byrne e Debbie Harry era coelhinha da playboy... Se alguém insistir que Heart of Glass é punk, bem, eu sou punk até a medula. Talvez até o Agnaldo Timóteo seja. Tirando o fato de seu primeiro disco ser chamado de Talking Heads '77, não sobra mais punkitude nenhuma nesta banda dançante, inovadora e sem nenhum preconceito musical. 

O primeiro disco do Police é o que mais se aproxima da estética punk (seja lá o que isso for), talvez por isso, o disco mais fraco deles. A partir do segudo álbum a banda começou a voar... As canções de Sting quase sempre vão muito além da temática rock (que dirá da punk), Stewart Copeland é provavelmente o melhor baterista de rock surgido depois da era de ouro e Andy Summers era um cara muito perspicaz e de ótimo gosto musical. Suas inserções são pontuais, parecem discretas mas são quase sempre essenciais. Os acordes com nonas que ouvimos em Message in a Bottle por exemplo são sublimes e transformam a música num clássico imediato. É um cara com outra cabeça. Não tem (quase) nada a ver com os guitarristas dos anos 60/70, geralmente o centro das atenções, com tudo o mais girando em torno deles (bem, depois de Hendrix e Clapton, isso foi levado ao extremo). Andy é o cara que toca o complemento, é o cara que tempera as músicas com bom-gosto e inteligência. Daí esta banda criou uma coisa que era muito porque era pouco, ou vice-versa, sei lá.



Na música brasielira então, nem se fala. Ditadura das harmonias complicadas, lindas melodias, ritmos diversos e de quebra, poesia de alto nível. Gilberto Gil, Língua de Trapo e Rita Lee prestaram suas homenagens, mas a real e outra. (No Brasil:) Muito difícil ser punk. Camisa de Vênus tinha o nome, a pose e um pouco da música. O mesmo pode ser dito de Ira!, Plebe Rude e principalmente, Garotos Podres (para se ater aos mais conhecidos). Quem não definhou, mudou de time e, diga-se, para melhor.

Enfim: Punk-se quem não puder*!


* fazer melhor...

E não é isso mesmo?